A Misericórdia de Tarouca organizou um concerto para assinalar o Ano Europeu do Património Cultural. Foi na capela da instituição.

A capela encheu-se de expectativa e de silêncio. O órgão e as vozes encheram a capela. Houve sorrisos, arrepios na espinha e aplausos. Muitos aplausos para o Coro Pietate – Queimadela, do concelho vizinho de Armamar, que animou o serão de um sábado, em Tarouca, num concerto, também ele quaresmal, agendado pela Misericórdia local para comemorar o Ano Europeu do Património Cultural.

Não que a Misericórdia de Tarouca seja proprietária de muito património. Pelo contrário, refere o provedor, “não tem praticamente nada, com exceção desta capela. Mas não é a falta de património que nos impede de dar o nosso contributo, porque é importante para Tarouca, é importante para a Misericórdia e é importante para a união entre os povos, porque é um grupo conhecido e acabamos por fortalecer a amizade entre as pessoas”, defende Rui Raimundo.

O provedor entende também que o património cultural do concelho “é bastante rico, quer em monumentos, quer em termos paisagísticos com locais únicos como a vista noturna da serra de Santa Helena ou o Cristo Rei, até porque há uma tendência muito grande de valorizar o que está longe e não se vê o que está debaixo dos olhos”.

É nesse sentido que a Santa Casa da Misericórdia de Tarouca também se tem mobilizado para sensibilizar a sociedade para o património cultural existente no concelho, sendo que “o mais importante ainda é o património humano que o município possui”.

“Temos pessoas que sabem receber, temos pessoas com o rosto enrugado pelo clima difícil que se vive, muito frio no inverno e extremamente quente no verão, são pessoas com as mãos cheias de calos, mas são pessoas extraordinárias que abrem as suas casas e que sabem receber quem nos visita”, congratula-se.

E é com este património humano que a Misericórdia tem trabalhado para preservar, divulgar e manter vivo o património existente. Em colaboração com outras entidades, a Misericórdia de Tarouca tem organizado algumas iniciativas com os seus utentes, tanto do lar de idosos como da creche e jardim de infância. 
Se por um lado, há pessoas mais velhas que nunca saíram do seu espaço doméstico e da envolvência do trabalho rural, também é nos mais novos que a aposta tem de ser feita para uma educação para o património e para a sua preservação. 

Um trabalho que já tem reflexos, no entender de Rui Raimundo, porque “esta nova geração de jovens está muito mais sensibilizada para a preservação do património do que as gerações mais antigas”.

Em “jeito de brincadeira”, diz o maestro, mas com uma atuação bem profissional, Alberto Carreira fez, num serão, uns arranjos musicais ao hino da Santa Casa da Misericórdia de Tarouca para um coro a quatro vozes e perante a atuação do Coro Pietate e o agrado do público, o maestro ofereceu a partitura à instituição enriquecendo desta forma o seu património cultural.  

Recorde-se que a Misericórdia de Tarouca é a segunda entidade do concelho no que respeita aos números do emprego. Ficando aquém apenas da autarquia, esta Santa Casa conta com cerca de 170 colaboradores distribuídos por um total de 13 respostas sociais. “Um papel muito importante”, refere o provedor.

 

Voz das Misericórdias, Isabel Marques Nogueira