O Dia do Património das Misericórdias serviu também para a divulgação de boas práticas, com a apresentação de projetos de recuperação, valorização e defesa do património.

Um dos exemplos abordados foi o programa SOS Azulejo, desenvolvido pelo Museu da Polícia Judiciária, com o intuito de defender o património azulejar português, "único no mundo", como frisou Leonor Sá, coordenadora do projeto. A título de exemplo, a responsável referiu a diminuição em 87% dos furtos de azulejos registados pela Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ desde o início do projeto, em 2007.

Outra das iniciativas apresentadas foi programa Património com Futuro, desenvolvido pelo Fundo Rainha D. Leonor, que, desde 2015, já financiou, com um total de 1,6 milhões de euros, a recuperação de dez igrejas das Misericórdias - Melgaço, Buarcos, Tomar, Abrantes, Lourinhã, Alenquer, Ericeira, Coruche, Évora e Montemor-o-Novo -, sendo que, em alguns casos, houve também restauro de bens móveis e a criação de núcleos museológicos.

A recente requalificação da Igreja da Misericórdia de Leiria, através de um protocolo de cedência do direito de superfície à Câmara, e a sua transformação num centro de diálogo intercultural, foi outro dos projetos divulgados no encontro. Por seu lado, a Misericórdia de Alcobaça apresentou o trabalho que tem vindo a fazer, com a recuperação da igreja e do seu arquivo histórico e com a reativação da procissão do Senhor dos Passos, enquanto a Misericórdia de Torres Vedras foi convidada a falar da conservação e restauro do seu espólio documental.

De Penalva do Castelo veio o exemplo da criação de um núcleo museológico, no âmbito da recuperação da igreja da Misericórdia, e da reabilitação do hospital da irmandade, que irá acolher uma estrutura residencial para pessoas com deficiência.
A salvaguarda do espólio da Misericórdia de Anadia foi outros dos exemplos apresentados durante o encontro, que serviu também para dar a conhecer algumas das peças mais emblemáticas dos três espaços museológicos da Misericórdia de Pedrógão Grande, cujo provedor agradeceu à UMP a escolha do concelho para a realização do evento.

"As Misericórdias são repositório inigualável de vivências das pessoas. Fazer memória deste património é afirmar a identidade no presente, comprometendo as gerações futuras com sua preservação", afirmou José Augusto Silveira, membro do Secretariado Nacional da UMP. O dirigente deixou ainda a garantia de que a UMP e o seu gabinete de património "tudo farão" para continuar a apoiar as Misericórdias no esforço de preservação do seu património.

Voz das Misercórdias, Maria Anabela Silva