Programa informático para gestão de medicamento da Misericórdia de Beja foi criado para apoiar doentes crónicos ou com doença ment

Uma ideia simples, que pode minimizar algumas dificuldades sentidas no dia-a-dia pelos profissionais de saúde e melhorar (bastante) a qualidade de vida dos doentes crónicos ou do foro mental. É desta forma que se pode “apresentar” o novo GeMec – Gestão do Medicamento, programa lançado no passado mês de outubro pela Misericórdia de Beja. O projeto já está a ser implementado neste concelho alentejano e o provedor da Misericórdia acredita que será de grande utilidade perante aquele que é, na sua opinião, “um problema muito sério” de saúde em Portugal: a toma incorreta de medicação.

De acordo com João Paulo Ramôa, esta é uma questão muitas vezes levantada por médicos e outros profissionais de saúde nas reuniões que vão mantendo com a estrutura diretiva da Misericórdia de Beja. “Os médicos sentem-se frustrados porque, muitas vezes, os tratamentos não são eficazes porque os doentes não o fazem com regularidade. Isso é importante nas doenças crónicas – como é evidente – e importantíssimo nas doenças de saúde mental, em que a toma correta da medicação é fundamental”, vinca o provedor.

Além do mais, continua João Paulo Ramôa, “foi-nos transmitido, em várias reuniões e encontros que tivemos com médicos, que em muitas alturas – sobretudo entre aqueles que vivem sozinhos – a medicação acaba por não ter o efeito desejado pelo médico porque os doentes ou acabam por não ter o medicamento ou acabam por não o tomar corretamente e isso faz com que a medicação não tenha o efeito desejado e que as pessoas tenham de voltar ao médico, com custos de saúde acrescidos”.

Foi tendo em conta todas estas premissas que a Misericórdia de Beja resolveu avançar com a contratação do técnico informático, Pedro Rodrigues, que durante algum tempo trabalhou na criação de um programa que desse resposta a estas problemáticas. Assim nasceu o GeMec, uma plataforma informática inovadora que possibilita que os doentes previamente inscritos tenham acompanhamento regular, tanto na toma da medicação como ao nível da gestão de consultas médicas.

“É um programa em que conseguimos, com vários alertas, verificar se a medicação está a ser tomada e quando é que é preciso adquirir nova medicação. Emite também alertas para o cuidador, de modo a que possamos ter maior certeza de que a medicação está a ser tomada conforme a prescrição do médico”, revela João Paulo Ramôa.

Além desta monitorização, a plataforma foi construída com base em outras duas questões. “A primeira é que muitas vezes as pessoas acabam por ir à farmácia e não aviar a receita toda por falta de dinheiro – e nós também podemos ajudar nesse sentido, estudando caso a caso com o nosso gabinete da área social. Por outro lado, podemos ajudar as pessoas que estão em casa saibam se vão tomando ou não corretamente a medicação”, observa o provedor da instituição alentejana.

Além destas questões, João Paulo Ramôa refere que a implementação é ainda mais importante por nem sempre haver todos os medicamentos necessários disponíveis na farmácia. “Pode haver o caso de uma pessoa ter de tomar todos os dias um medicamento – e há muitas doenças em que tem mesmo de tomar – e este só chega passados três ou quatro dias. Este programa antecipa esta questão”, afiança.

Para já, o GeMec é apenas utilizado pela Santa Casa da Misericórdia de Beja, mas João Paulo Ramôa admite a possibilidade de o programa ser comercializado para outras instituições sociais e/ou ligadas à área dos cuidados de saúde.

Voz das Misericórdias, Carlos Pinto