As Misericórdias de Vila Nova da Barquinha e Tomar, ambas no distrito de Santarém, assinaram este mês um protocolo para a construção de uma unidade de cuidados continuados na zona de Atalaia, para reforçar cuidados de saúde nos dois concelhos e na região do Médio Tejo.

No dia 13 de setembro, os responsáveis pelas duas instituições firmaram o documento que prevê a construção de uma infraestrutura de promoção da saúde, prevenção da doença e prestação de cuidados de reabilitação e de unidade de cuidados continuados.

Na assinatura do protocolo, estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire, e os provedores Hélder Brito da Silva e António Alexandre, das Misericórdias da Barquinha e de Tomar, respetivamente.

A obra visa ser “um local de referência na prestação de cuidados de saúde e apoio aos cidadãos mais vulneráveis”, especialmente aqueles que necessitam de cuidados médicos a longo prazo. O projeto vai, assim, proporcionar serviços essenciais de reabilitação, cuidados paliativos e outras formas de assistência médica e social de alta qualidade.

O equipamento destina-se a um terreno com cerca de 16 mil metros quadrados, na freguesia de Atalaia, propriedade da Misericórdia de Vila Nova da Barquinha, com direito de superfície a favor da Misericórdia de Tomar.

Para o local está projetada uma unidade de cuidados continuados, para cerca de 90 utentes, e mais a sul ficarão uma clínica com várias valências, incluindo medicina física e de reabilitação, uma clínica de hemodiálise e um bar de apoio.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Tomar, António Alexandre, explicou que a instituição já possui cuidados continuados na cidade, prevendo em breve aumentar as atuais 23 camas para “mais 15”, mas aposta no interesse do Ministério da Saúde no alargamento para mais cinco mil camas no país, através de financiamento europeu do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“O estudo aponta para 90 camas de cuidados continuados, o que será um investimento de seis, sete milhões [de euros], para candidatar ao PRR, que está para sair em breve”, avançou o provedor, acrescentando que a Câmara de Vila Nova da Barquinha doou o terreno avaliado em 135 mil euros à Misericórdia local, que fez uma “doação de cedência de direito de superfície perpétuo” à congénere de Tomar.

A Santa Casa da Misericórdia de Vila Nova da Barquinha, no âmbito do protocolo, participará com o valor do terreno numa “percentagem nos resultados futuros” do projeto e António Alexandre, uma vez que não foi possível encontrar um terreno em Tomar, assumiu satisfação pela concretização na Atalaia.

“O concelho de Tomar fica a três quilómetros do local onde vai ter este equipamento, que está a quilómetro e meio de duas importantes autoestradas do centro do país, que são a A23 e a A13, e, portanto, a ligação é rápida entre concelhos”, frisou.

O equipamento, defendeu, “pode ser uma alavanca” para servir outras vertentes na área da saúde, tanto mais que “o Médio Tejo talvez tenha edifícios a mais de hospital, mas tem serviços a menos de saúde e, manifestamente, serviços abaixo das necessidades na medicina familiar”.

Hélder Silva, provedor da Misericórdia de Vila Nova da Barquinha não tem dúvidas que este projeto conjunto é um “marco histórico” para ambas as Santas Casas.

“Este protocolo é um marco significativo na história das nossas instituições e beneficiará sobretudo a comunidade que servimos, com cuidados de saúde de excelência", afirmou.

O provedor de Tomar também partilhou palavras de entusiasmo: “Estamos ansiosos para concretizar este empreendimento", vincou.

O projeto depende ainda de aprovação pela Câmara de Vila Nova da Barquinha e da assinatura da escritura do terreno, mas o provedor da Misericórdia de Tomar assegurou que o investimento será realizado com meios próprios da instituição e mostrou-se confiante na “mais-valia” para a região.

O presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire, destacou o entendimento entre as duas Misericórdias, considerando que o “protocolo não só reforçará os laços entre as duas instituições, como também permitirá a prestação serviços de cuidados de saúde de alta qualidade à comunidade”.

Prevê-se a criação de cerca de 80 postos de trabalho e, conforme estima António Alexandre, para a primeira fase da unidade de cuidados continuados, “a partir da aprovação do PRR, será uma obra que demorará cerca de dois anos”.

Fotografia: Município de Vila Nova da Barquinha