Acelerar o desenvolvimento e a validação de soluções digitais inovadoras para pessoas com demência ou défice cognitivo, bem como para os seus familiares, cuidadores informais e profissionais de saúde, tendo as necessidades dos utilizadores no centro de todo este processo.

Este é o objetivo principal do projeto europeu INNOV4LIFE, um projeto transfronteiriço de inovação colaborativa em saúde digital na área das demências, cofinanciado pela União Europeia através do programa INTERREG, com um orçamento total que atinge a cifra de 1,5 milhões de euros e que decorrerá entre os anos de 2023 e 2026.

Envolvidos estão sete parceiros de Portugal e Espanha, todos inseridos na euro-região da Galiza e Norte de Portugal. Estes incluem instituições de saúde, universidades, organizações que atuam na área da demência, nomeadamente: o centro de competências Porto4Ageing da Universidade do Porto, coordenador do projeto, a Misericórdia de Riba de Ave, o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), a Axencia Galega de Coñecemento en Saúde’ (ACIS); o ‘Servizo Galego de Saúde’ (SERGAS); a organização não governamental AFAGA Alzheimer e a Universidade de Santiago de Compostela (USC).

Sara Alves, investigadora participante do projeto, membro do Centro de Investigação, Diagnóstico, Formação e Acompanhamento das Demências (CIDIFAD) da Santa Casa da Misericórdia de Riba de Ave, fala-nos sobre o trabalho que está a ser desenvolvido.

São quatro os eixos principais. Em primeiro lugar, mapeamento do ecossistema para identificar empresas, instituições de investigação e grupos de utilizadores que possam beneficiar destas soluções, estudar e comparar as melhores práticas de projetos semelhantes. Depois, analisar os fatores que influenciam a adoção e a utilização de novas tecnologias, desenvolvendo abordagens para garantir que sejam intuitivas, promovendo o envolvimento do público visado.

Outro eixo, continua a investigadora, é a criação de “laboratórios vivos” onde seja possível reunir todos os agentes - profissionais de saúde, cuidadores e doentes - para identificar necessidades e problemas reais, testar soluções digitais, dar feedback e ajudar no seu aperfeiçoamento. Por último, o quarto eixo passa por capacitar e formar empreendedores, profissionais de saúde e cidadãos, fomentando uma cultura de inovação nos cuidados de saúde aos portadores de demências.

Além de Sara Alves, a participação da Misericórdia neste consórcio também conta com a investigadora Natália Duarte. Num plano mais prático, o papel da Santa Casa visa aproximar o setor tecnológico de um ambiente de trabalho real junto do público alvo final, pessoas portadoras de deficiência cognitiva e demências, dos seus familiares e cuidadores informais, além dos profissionais de saúde.

Apesar do esforço ainda estar a meio, já há alguns resultados relevantes: foi desenvolvido um estudo de ranking de laboratórios vivos na área da demência, um mapeamento do ecossistema de saúde digital na euro-região Galiza- -Norte de Portugal e um documento referente à estratégia de recrutamento de participantes. Em termos científicos, já foram publicados dois artigos em revistas internacionais, além da interface disponível no website do projeto (acessível em https://www.up.pt/innov4life), onde podem ser consultadas informações diversas sobre o projeto.

Auscultado sobre o envolvimento do setor social nesta empreitada científica, Elísio Costa, coordenador do consórcio Porto4Ageing e investigador principal do projeto, define que “as Misericórdias têm um papel fundamental na oferta de serviços de saúde e apoio social em Portugal, conhecendo e satisfazendo as necessidades de diversas comunidades”. A viabilização da participação do CIDIFAD foi, a seu ver, algo muito natural e também de importância fundamental para o projeto, pois aquela infraestrutura “dispõe de uma equipa de profissionais altamente qualificados que o posicionam como um centro de excelência para testar novas tecnologias na área da saúde, com potencial para causar um impacto significativo na sociedade”.

“O Innov4Life é um novo modelo de colaboração transnacional, que busca gerar sinergias no norte de Portugal e a Galiza, fomentando a inovação e a partilha de conhecimento ", explica Elísio Costa, garantindo que o projeto “antevê o futuro não apenas para responder às necessidades atuais, mas também para antecipar e preparar soluções para os desafios futuros na área da saúde geriátrica e demências".

Neste quadro, o coordenador do consórcio considera que a colaboração com a Misericórdia de Riba de Ave tem-se demonstrado “extraordinariamente produtiva, excedendo todas as expectativas, de uma dedicação que se tem revelado igualmente um motor essencial e significativo para o projeto”. Esta parceria, continua o responsável, “é exemplar em como a colaboração entre universidades e instituições do setor social pode transformar a qualidade de vida dos mais velhos e de todos os que delas mais necessitam”.

Voz das Misericórdias, Alexandre Rocha