Justifica-se que este jornal se assuma como uma barreira contra o silêncio que os mais fortes gostam de impor aos mais fracos.

António Tavares, Presidente do Conselho Fiscal da UMP


O jornal Voz das Misericórdias chega aos 35 anos de existência o que, por si só, significa capacidade de grande resiliência e sentimento de serviço à comunidade.

Começou num tempo diferente, num tempo onde se fazia a mediação sem a interferência de redes sociais ou internet. Um tempo onde o escrutínio era mais baixo e, por isso, muito mais benevolente.

Na segunda década do século XXI o jornal, que representa os anseios das comunidades das Misericórdias e das pessoas que servem, tem de saber compreender os novos desafios que tem pela frente.

Desde logo os que se apresentam como resultado das transformações da sociedade e do Estado, das famílias e dos costumes.

O jornal deve assim ser o porta voz dos que não conseguem ter impacto na comunidade. Deve procurar defender as crianças, os idosos, os deficientes ou os sem abrigo. Deve pugnar por ser um parceiro ativo no desenvolvimento de políticas públicas. Deve saber falar com o Parlamento e com o Governo.

Tem de compreender que deve ser a voz dos que não podem votar, mas que são precisos para o processo de decisão. Necessita, pois, de assumir esse combate como um destino da defesa coletiva das comunidades e dos territórios. Tem, manifestamente, de saber compreender a história das Misericórdias e a geografia da diáspora das mesmas.

Ora, para este jornal se afirmar também precisa do empenho das Misericórdias e de todos nós.

Como diz o Papa Francisco, no seu diálogo com Dominique Wolton, “tudo mudou, menos os fundamentos. Mudaram-se os modos de relação. Mas o fundamento, o essencial, os elementos que fazem realmente parte da pessoa humana, esses mantiveram-se inalterados. A necessidade de comunicar é a mesma, mesmo que muito tenha mudado”.

Justifica-se, assim, que este jornal se assuma como uma barreira contra o silêncio que os mais fortes gostam de impor aos mais fracos.

A sua permanência deve ser assumida pelas Misericórdias, apostando na sua modernização e adaptação à era do digital. Abordando, de uma forma sistemática, a edição de números temáticos que digam a Portugal o que andamos a fazer.

Nunca desistir e saber ser resiliente será um dos grandes desafios da equipa do Voz das Misericórdias porque, como nos ensina o Papa Francisco, “a misericórdia é uma viagem que vai do coração à mão”.

Uma viagem simples e pragmática. Acima de tudo, uma viagem ao serviço dos pobres. Nessa viagem, o Voz das Misericórdias será a nossa carta de marear e de auxílio, tal como o farol, no turbulento mar, ajuda os navegadores.

Parabéns ao Voz das Misericórdias. Continuem.