A experiência das entidades de economia social deve ser alavancada para resolver problemas sociais e alicerçar um futuro diferente.

Tomás Correia, Luís Reto e Eduardo Graça foram os intervenientes do painel que encerrou o segundo dia de trabalhos do 13º congresso nacional das Misericórdias. Para as Santas Casas, afirmou Vítor Melícias, que presidia o painel, a economia social já era, em 1985, aquando do congresso internacional nas Caldas da Rainha, considerada um eixo estratégico para alicerçar um futuro diferente.

Mais de 30 anos depois, a economia social resolveu algumas questões identitárias e reforçou o seu papel na sociedade portuguesa, mas ainda há muito por fazer. Segundo Luís Reto, ex-reitor do ISCTE e autor de publicações sobre o setor social, ainda estamos perante uma “indefinição institucional” do setor.

Esta indefinição é caracterizada, ainda segundo Luís Reto, por três fatores. O primeiro deles passa pelas “múltiplas origens e filosofias” do setor, composto por diversos movimentos religiosos, operários, intelectuais, comunitários e filantrópicos. Outro fator é a diversidade organizacional. O setor da economia social em Portugal é formado pelas Misericórdias, mas também por cooperativas, fundações, mutualidades etc. Por último, o ex-reitor destacou a diversidade dos domínios de ação, que passam por áreas como apoio social, saúde, ensino, cultura, desporto, crédito, agricultura etc.

Esta diversidade foi resolvida através de um eixo transversal ao setor: o bem comum. No domínio normativo, esta questão está resolvida, sobretudo por três vias: lei de bases, conta satélite e Confederação Portuguesa de Economia Social. 

Contudo, importa ainda encetar esforços no sentido de promover os valores da economia social em dois planos. Por um lado, através da comunicação porque o setor não terá “existência real” se “não existir para a opinião pública”, por outro, um sistema formativo próprio para que os valores da economia social estejam presentes em conceitos de gestão como missão, visão, liderança, estratégia e qualidade.

“A economia social é a resposta a alguns dos problemas que referimos hoje”. A afirmação é de Eduardo Graça, presidente da Cooperativa António Sérgio para Economia Social (CASES), que tem desempenhado um papel determinante para a afirmação do setor.  Lei de bases, conta satélite e confederação foram ações promovidas e lideradas pela CASES que, segundo o seu presidente, se prepara para divulgar um estudo estatístico sobre voluntariado.

Ideia semelhante foi defendida pelo presidente da Associação Mutualista Montepio.

De acordo com Tomás Correia, não há no País instituições com maior conhecimento da realidade do território e esta experiência deve ser alavancada para resolver problemas sociais. São muitas as oportunidades de intervenção para as instituições, mas “ainda não encontrámos o verdadeiro caminho, numa visão de longo prazo, onde todas as ações se integrem e onde se produzam resultados para resolver problemas, ajudando as pessoas a adotar uma vida mais saudável e humana”.

Voz das Misericórdias, Bethania Pagin