Apesar de grande parte dos utentes e trabalhadores de estruturas residenciais já estarem vacinados e do plano progressivo de desconfinamento, anunciado em março pelo governo, a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) continua a recomendar máxima cautela no que respeita às saídas dos utentes dos lares. Mesmo reconhecendo o impacto do isolamento para saúde mental dos idosos, o presidente da UMP reforça que, enquanto não estiverem todos com o plano vacinal completo, as medidas de segurança devem ser rigorosamente cumpridas.

A esperança que a vacina representava em janeiro já está a concretizar-se em resultados positivos. O número de casos e óbitos em estruturas residenciais têm vindo a registar constante diminuição. Segundo notícia do jornal Público, do dia 27 de abril, na segunda e terceira semanas do mês de abril não foram registados óbitos por Covid-19 em lares de idosos. Poucas semanas antes, o presidente da UMP dava conta também da ausência de óbitos nos lares das Misericórdias.

Contudo, a UMP continua a recomendar máxima cautela. Na circular 43/2021, Manuel de Lemos salienta que “mesmo vacinados, os utentes e funcionários podem ser portadores da doença, pelo que, e principalmente nas estruturas com utentes não vacinados, deve manter-se o maior cuidado nas saídas ao exterior, devendo estas garantir obrigatoriamente o distanciamento social, o uso permanente de máscara, a higienização das mãos e contacto restrito a familiares próximos”.

Reconhecendo como “compreensível” o desejo de reencontro dos utentes dos lares com os seus familiares, o presidente reforça que “o risco ainda existe e que a saída das estruturas implica uma enorme responsabilidade individual, familiar e social”.

O plano de vacinação nos lares está em fase avançada, mas ainda há registo de pessoas que, por motivos variados, não foram vacinadas. Acresce que a situação epidemiológica varia de região para região, “logo, também as medidas preventivas devem ser ajustadas em conformidade”.

Ou seja, Manuel de Lemos recomenda, através da circular 43/2021, que “se mantenham todas as ações preventivas até existir mais informação científica sobre o vírus, as suas variantes e o resultado da vacinação, avaliando casuística e holisticamente cada situação”.

Em declarações ao VM, o vice-presidente da UMP, Manuel Caldas de Almeida, explicou que as ações preventivas são as que já todos conhecemos. Num lar de idosos, devem ser criteriosamente respeitadas as normas de distanciamento, número máximo de pessoas nos espaços, circuitos para circulação de pessoas externas, cuidados com resíduos, higienização das mãos etc. As visitas, reforçou, também continuam a obedecer aos mesmos critérios, com distanciamento, separação física por meio de vidro ou acrílico etc.

Convém ainda destacar, continuou Caldas de Almeida, que idosos e familiares devem ser sensibilizados para a máxima restrição de contactos aquando das saídas e para a necessidade de cumprirem todas as medidas de prevenção já conhecidas: distanciamento, uso de máscara, higienização das mãos etc. A entrega de um flyer informativo é uma das sugestões para reforço desta informação.

Há mais de um ano que as Misericórdias lidam diariamente com as restrições e com o impacto da doença nas suas estruturas. A possibilidade de reencontro com os familiares é uma boa notícia, mas a guerra ainda não está ganha, disse o vice-presidente.

Recorde-se, a propósito do impacto da Covid-19 nas estruturas residenciais das Misericórdias, que o estudo epidemiológico da UMP junto das Santas Casas completou um ano, tendo sido, por isso, encerrado. Os dados serão agora trabalhados para posterior publicação e divulgação. A recolha desta informação terminou a 22 de abril.