As palavras que circulam pelo jornal mensalmente são um escudo na defesa da obra social que as Misericórdias realizam

Francisco de Araújo, Presidente do Conselho Nacional

O Voz das Misericórdias é um jornal representativo da realidade do universo das Santas Casas. Assume-se como um elo de ligação entre todas as instituições, possibilitando divulgar as boas práticas existentes nos diversos serviços das Misericórdias, contribuindo para a sua disseminação. As atividades desenvolvidas pelas Misericórdias merecem sempre uma particular atenção do jornal, quer na criação de novas respostas sociais ou qualificação das existentes, quer na recuperação e valorização do seu património, material ou imaterial.

Igualmente constitui-se como um espaço de opinião, abordando as problemáticas com que as Misericórdias se confrontam, proporcionando o debate na procura de soluções. A existência de uma publicação mensal, sob a responsabilidade da União das Misericórdias, contribui para fortalecer a ligação e cooperação entre todas as Misericórdias, robustecendo a importância da união para enfrentar os desafios com que se debatem.

Estrategicamente o Voz das Misericórdias constitui-se como um instrumento de coesão, contribuindo para reforçar a intervenção das Misericórdias na sua ação junto das populações que servem, e das instituições, ao veicular o trabalho que as Santas Casas desenvolvem ao longo do país. As palavras que circulam pelo jornal mensalmente são um escudo na defesa da obra social que as Misericórdias realizam, reivindicando mais justiça social em prol dos mais desfavorecidos. De forma idêntica atende-se ao trabalho das Misericórdias de menor dimensão, localizadas em territórios do interior, e de baixa densidade, dando voz a realidades que por estarem distantes, onde vivem poucas pessoas, são muitas vezes esquecidas. A importância de assinalar o trabalho das Misericórdias nestes territórios, e o seu impacto junto da comunidade onde se inserem, é um contributo para a sua visibilidade e para uma maior exigência na atenção de que são credoras, visando uma maior coesão social e territorial.

O jornal é um bem que deve ser assimilado por todos como uma mais-valia de grande relevo para difusão da informação, proporcionando oportunidades de conhecimento e aproximação entre as Misericórdias. Poderá, contudo, questionar-se se na era digital a impressão mensal do Voz das Misericórdias ainda continua a fazer sentido. Todos temos consciência da importância do jornal no âmbito da União das Misericórdias, divulgando e promovendo a ação das Misericórdias e as sinergias obtidas com a União, com reflexos positivos para a vida das instituições. Sem prejuízo da existência de outros veículos de comunicação, o Voz das Misericórdias mantém a sua grande utilidade para as Santas Casas, mesmo que o instrumento a utilizar no futuro seja o digital. A existência de um espaço de informação, opinião, debate de ideias e definição de estratégias, que pode ser partilhado por todos, é uma ferramenta que deve ser potenciada em prol das Misericórdias e da sua afirmação junto da sociedade pela ação que exerce em diversos domínios, com especial enfoque no setor social.

O Voz das Misericórdias, ao longo dos seus trinta e cinco anos de existência, guarda um pouco da história da União das Misericórdias. Dá-nos, também, conta do desenvolvimento da ação das Misericórdias no contexto político do Portugal democrático, assim como das enormes dificuldades que foi necessário enfrentar, e da utilidade da União nesse contexto difícil. O desafio mantém-se, com matizes distintas, sendo importante a existência e envolvimento do Voz das Misericórdias, visando o fortalecimento das Santas Casas na sua missão secular, servir os mais necessitados da sociedade.