A sessão de acolhimento aos novos provedores já faz parte do calendário da “casa de todas as Misericórdias”, também conhecida por União das Misericórdias Portuguesas

A sessão de acolhimento aos novos provedores já faz parte do calendário das Misericórdias e da sua União. 2020 não foi exceção, por isso no segundo mês do ano, mais precisamente a 12 de fevereiro, os dirigentes recém-empossados foram convidados a conhecer a “casa de todas as Misericórdias”, também conhecida por sede da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), em Lisboa. A equipa do Secretariado Nacional (SN) da UMP, eleita em dezembro de 2019, deu as boas-vindas aos provedores e provedoras que assumem a gestão das instituições em 2020-2023 e apresentou as linhas de serviço vocacionadas para o apoio direto às Misericórdias.

“Quero agradecer-vos por terem vindo e desejar-vos as maiores felicidades nestas funções que agora iniciam. Trabalhar nas Misericórdias é a coisa mais apaixonante que pode haver porque estamos a ajudar quem precisa e do ponto de vista da realização interna não há melhor”, começou por referir o presidente da UMP, Manuel de Lemos.

Cumpridas as saudações, seguiu-se a apresentação da estrutura interna, órgãos sociais da UMP (Assembleia Geral, Secretariado Nacional, Conselho Fiscal, Conselho Nacional e Secretariados Regionais), equipamentos anexos (ver caixa) e linhas de serviço, em áreas como o envelhecimento, saúde, assuntos jurídicos, auditorias, formação, comunicação, entre outras. 

“As linhas de serviço são departamentos e pessoas, que existem para servir as Misericórdias. Em termos de resposta, a área que ocupa mais tempo diz respeito ao envelhecimento porque todas as Misericórdias têm pelo menos um lar de idosos, centro de dia ou serviço de apoio domiciliário”, explicou Manuel de Lemos.  Na área da ação social, está ainda consagrado o apoio a questões relacionadas com a infância, família, comunidade e deficiência.

A saúde é a segunda área mais requisitada pelas Misericórdias, responsáveis pela gestão de hospitais, unidades de cuidados continuados (UCC) ou, mais recentemente, cuidados primários (zona do Arco Ribeirinho de Setúbal), no âmbito de um “regresso paulatino a uma atividade que está na origem das instituições”. Neste âmbito, o vice-presidente da UMP destacou o apoio técnico prestado ao nível do circuito do medicamento, por uma rede de farmacêuticos (distinguida com uma menção honrosa no Prémio Saúde Sustentável 2019), e o serviço de consultadoria e formação em controlo de infeção (cci.gms@ump.pt) vocacionado para UCC.

“A UMP oferece suporte técnico às Misericórdias através de gabinetes com muita experiência, que estão preparados para vos ajudar no vosso dia-a-dia”. Brevemente, anunciou Manuel Caldas de Almeida, será ainda disponibilizada a agenda de formação na área da saúde, para 2020 e 2021, com módulos sobre controlo de infeção, demências, gestão de altas, cuidados geriátricos, paliativos, de reabilitação, prevenção e controlo da dor, entre outros (ver página 14).

Outra das novidades apontada por José Rabaça, vogal do SN responsável pela área financeira, diz respeito à conclusão das negociações entre o Banco Europeu de Investimento e a IFD – Instituição Financeira de Desenvolvimento, no âmbito do Projeto para a Qualificação das Comunidades Amigas das Pessoas Idosas (PQCAPI), que vai apoiar Misericórdias e outras entidades de economia social na adaptação de estruturas de apoio aos idosos. “No próximo mês, o IFD deverá lançar o aviso público da linha de financiamento, que será de 400 milhões de euros, 200 disponibilizados pelo BEI e os restantes 200 pelos bancos nacionais que irão concorrer à linha de financiamento. Está também previsto que, caso seja necessário, será feito um reforço desta verba”.

O tesoureiro da UMP mostrou-se igualmente disponível para apoiar os provedores em funções há pouco mais de um mês, através de auditorias realizadas gratuitamente às Misericórdias, que visam contribuir para a sustentabilidade e equilíbrio das contas das instituições. “O Gabinete de Auditorias, criado há 4 anos, está à vossa disposição e tem assegurado este apoio técnico de forma gratuita, no âmbito do projeto de Capacitação, sendo ainda responsável pela elaboração de estudos (ver caixa) que servem de base às negociações com o governo”.

Para a qualidade e rigor destes estudos, os membros do SN referem que é determinante a colaboração de todas as Misericórdias na resposta aos pedidos enviados pela UMP. “De vez em quando, bombardeamos-vos com pedidos de informação porque precisamos de ter dados atualizados para defender os interesses das Misericórdias. Sem esses dados, temos apenas estado de alma dos provedores nas assembleias gerais”, alertou Manuel de Lemos.

O esclarecimento de dúvidas relacionadas com recursos humanos, matérias laborais e legislação variada (Gabinete de Assuntos Jurídicos), a adesão a protocolos comerciais, para facilitar a aquisição de bens e serviços (Central de Negociações) e a definição de um modelo de comunicação com a comunidade para partilha de experiências (Gabinete de Comunicação e Imagem) foram outras das áreas de apoio elencadas como vantajosas para as Santas Casas.

Independentemente de terem “chegado há um mês” ou já integrarem os órgãos sociais, os dirigentes que tomaram posse no início de 2020 assumem o desafio com o mesmo “espírito de servir”, apesar das dificuldades decorrentes de comparticipações desajustadas, aumento do salário mínimo nacional e falta de técnicos qualificados em certas regiões do país. “Somos mais fortes quanto maior for a nossa união e por isso a UMP é um elemento fundamental para as Misericórdias”, referiu José Manuel Rodrigues, provedor de Canha, no final do encontro.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas‌