Por vezes há pequenos gestos que podem fazer uma grande diferença na vida de quem os recebe e podem surgir das mais diferentes formas ou cores. A Santa Casa da Misericórdia de Alpalhão é exemplo disso e demonstrou que quando feito com amor tudo se torna mais especial. Nos últimos meses as utentes da instituição tiveram em mãos uma tarefa nobre: costurar almofadas em forma de coração para serem oferecidas a pessoas diagnósticadas com cancro da mama.
Foram 37, de um total de 42, as almofadas em forma de coração que a Santa Casa da Misericórdia de Alpalhão ofereceu ao Serviço de Oncologia e ao Serviço de Cirurgia do Hospital Doutor José Maria Grande, em Portalegre. Todas tiveram como destinatário mulheres diagnosticadas com cancro da mama.
De acordo com Lídia Rolim, diretora técnica, a ideia surgiu com o intuito de, "numa das várias atividades que desenvolvemos no dia-a-dia com os nossos utentes e tendo em conta o princípio de que todas as atividades devem ter um propósito e uma finalidade", desenvolver uma atividade que tivesse um cariz social e solidário.
Tendo conhecimento da existência destas almofadas desenhadas especialmente para melhorar as condições de vida de quem foi diagnosticado com cancro de mama e depois de fazer alguma pesquisa sobre como são feitas, a diretora técnica decidiu avançar com este projeto de costura para, como este um pequeno contributo da instituição, minimizar os efeitos desta doença.
As almofadas são concebidas para serem colocadas debaixo do braço e a sua forma ajuda a aliviar a dor da incisão cirúrgica, reduzir o inchaço, diminuir a tensão nos ombros, podendo mesmo ser usada debaixo do cinto de segurança do carro para proteger contra eventuais danos. Devem ser feitas com um tamanho e peso específico, para conforto do braço, e os tecidos têm que ser cem por cento algodão, o enchimento antialérgico e sem costuras à vista.
Para quem usa esta almofada, que já revelou ter um grande impacto no bem-estar das doentes com cancro de mama, receber esta oferta representa muito porque, além de bonitas, estão carregadas de amor e de uma grande dose de energia positiva espelhada nas frases motivadoras que foram colocadas em cada uma das almofadas doadas.
Reconhecendo que este projeto da Santa Casa de Alpalhão teve um forte impacto na comunidade, o que levou a que a instituição recebesse várias doações de tecido e de enchimento para que pudessem costurar ainda mais almofadas, Lídia Rolim explica que algumas das almofadas foram oferecidas “a quem nos veio oferecer estes materiais, e que teve cancro da mama, como forma de agradecimento pelo gesto”.
Lídia Rolim reconhece que este projeto também se revelou bastante importante para os utentes da Misericórdia, que, estando institucionalizados, conseguem com este tipo de dinâmicas manter-se ativos, e ao mesmo tempo fá-los sentir, sobretudo, úteis por estarem a dar um contributo para o bem-estar da comunidade.
"Foi muito gratificante ver o impacto que esta atividade teve também na comunidade e os nossos utentes ficaram bastante orgulhosos de poderem oferecer estas almofadas que significam tanto para quem as recebe. Apesar da técnica de costura já não ser tão aperfeiçoada, foi tudo feito com muito carinho”.
Além disso, a atividade foi igualmente importante porque, segundo a diretora técnica, “as utentes voltaram a costurar recorrendo ao que aprenderam na mocidade e apesar de costurarmos muitas peças nas nossas atividades, este projeto mereceu um cuidado especial", refere Lídia Rolim, descrevendo ainda a forma calorosa como as almofadas foram recebidas nos serviços do hospital e o reconhecido agradecimento que receberam por este gesto.
Embora, por agora, tenham dado por concluída esta atividade, Lídia Rolim confessa que "ficámos ainda com algum tecido e enchimento, para termos um molde caso se verifique a necessidade de voltarmos a este projeto e de costurar mais algumas almofadas", uma vez que foi uma experiência bastante interessante e motivadora, que nos permitiu perceber o quanto algo tão simples pode ser tão importante na vida de alguém".
Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão