Seminário sobre voluntariado nas Misericórdias visou capacitar as instituições com soluções inovadoras para as suas áreas de intervenção.

“Temos de colocar as Misericórdias e os voluntários a falar a mesma língua”. O repto lançado pela diretora de Direitos Humanos e Ética Médica da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), Pilar Simões, surgiu no dia 23 de novembro, em Fátima, durante um seminário dedicado ao voluntariado nas Misericórdias, que visou a capacitação das instituições com soluções inovadoras para as suas áreas de intervenção. 

“Queremos motivar para o voluntariado através de novas ferramentas e isso implica mudar mentalidades e colocar as Misericórdias no centro da solução. O facto de termos aqui 13 Misericórdias é sintomático da necessidade deste projeto”, referiu a vogal do Secretariado Nacional da UMP responsável pela área do voluntariado, Carla Pereira, no início da sessão.

A apresentação de um manual com ferramentas que facilitam a adesão da comunidade e a integração de jovens voluntários nos projetos das Misericórdias foi um dos primeiros passos para a concretização deste objetivo. “Apostámos num manual simples e acessível, que envolve todos os intervenientes, provedores, colaboradores, utentes e voluntários”, explicou Bárbara Baptista, do Gabinete de Ação Social da UMP. 

Depois de identificadas as necessidades das instituições, o grupo de trabalho constituído pela UMP, Santas Casas de Canha e Aldeia Galega da Merceana e Associação de Estudantes de Medicina definiu metas de trabalho exequíveis para agilizar o processo de divulgação, recrutamento e integração do voluntário em ações concretas. 

Mais do que angariar candidatos, os técnicos envolvidos dizem que a principal dificuldade reside na motivação dos voluntários a longo prazo. Sugerem, por isso, a criação de um mentor que fica responsável pelo acolhimento e integração dos jovens na dinâmica da instituição. “O mais importante, além dos resultados e realização pessoal, é a pessoa sentir que faz parte da equipa”, justificou a responsável da ANEM, em representação dos estudantes de medicina.

O voluntariado, ainda muito reduzido aos corpos sociais, contribui segundo o vice-provedor de Canha para o “bem-estar da população e equipa técnica”, complementando o apoio prestado pelos cuidadores especializados. “É uma dádiva ter esta juventude a trabalhar connosco. Eles servem a comunidade e a comunidade serve-os a eles. A riqueza está na diversidade”, asseverou José M. Fernandes.

Para reforçar a presença de jovens voluntários nas Misericórdias, foi assinado nesta data um protocolo com a Associação de Estudantes de Medicina, que poderá servir de modelo a outras áreas de atividade. “Temos de ser capazes de captar os mais novos para este movimento fantástico das Misericórdias. Todos temos alguma coisa para dar e nos enriquecer”, referiu o presidente da UMP, Manuel de Lemos, na assinatura do memorando, que deu início ao projeto “VEMM!” (Voluntários Estudantes de Medicina nas Misericórdias). 

Mediante o preenchimento de um formulário, submetido pelas Misericórdias interessadas, as informações relativas aos projetos das instituições ficam disponíveis numa base de dados acessível a cerca de 12 mil estudantes. “Temos os recursos humanos que vos fazem falta. Não podemos exercer medicina mas podemos fazer aconselhamento em saúde pública e sexual, medições de glicémia e tensão arterial etc”, adiantou a responsável pela ANEM, Pilar Simões.

Numa vila envelhecida como Canha, esta parceria vai aumentar a autonomia dos 131 utentes de centro de dia e apoio domiciliário ao nível dos cuidados de saúde, através do projeto “Saúde em Casa”. Mas o leque de ações pode ser mais vasto, tendo em conta as necessidades da instituição.
Esta atividade – Laboratório de Ideias - insere-se no âmbito do projeto de capacitação da UMP, financiado pelo POISE.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas