Todos os dias passam pelo ATL e Casa Grande da Galiza mais de cem crianças, jovens e famílias, que beneficiam de apoio escolar, atividades desportivas, culturais e de intervenção na comunidade. Integrado na freguesia do Estoril, este equipamento da Misericórdia de Cascais alargou e adaptou o apoio prestado às famílias e pessoas em situação de isolamento, na sequência da pandemia, com a colaboração de largas dezenas de voluntários, onde se incluem os próprios beneficiários, treinadores e atletas da Escolinha de Rugby da Galiza e outras pessoas desta rede que se “constrói todos os dias com o lema ser e fazer comunidade”. Desde março, o número de famílias apoiadas passou de 32 a 86, totalizando mais de 200 indivíduos.

As palavras são de Maria Gaivão, responsável pelo projeto de intervenção comunitária, que em 2020 soma 37 anos de atividade. “Nunca, em 37 anos, tivemos um período tão ameaçador e desgastante, mas ao mesmo tempo tão rico e frutuoso em dádivas e disponibilidade. A misericórdia faz-se sentir todos os dias e tudo isto é fruto de uma comunidade”.

Neste grupo de voluntários, que em meados de abril ascendia a 90 pessoas, incluem-se os merceeiros, que recebem os alimentos doados (supermercados, Banco Alimentar, particulares) e preparam os cabazes para as famílias; os motoristas, organizados em grupos de recolha de excedentes e entrega de alimentos; os operadores de call center, que acompanham via telefone pessoas isoladas; os benfeitores, que se mobilizam e fazem doações periódicas; e os “chefs” voluntários, que confecionam refeições para reforçar os cabazes das famílias.

Bruno Moura da Conceição faz parte deste último grupo, mas a sua ligação ao ATL da Galiza não é de agora. Em 2011, o antigo atleta do Sport Lisboa e Benfica iniciou a sua colaboração como treinador do escalão sub-16 na Escolinha de Rugby da Galiza.

Hoje orienta o escalão de seniores e comanda os tachos e panelas, ao lado de outros colegas desportivos, que partilham da mesma vontade de ajudar e cozinhar. “Surgiu esta necessidade de confecionar refeições para as famílias e como eu tenho o gosto pela cozinha chamo miúdos com quem treino para me ajudar. Tem sido muito gratificante, sobretudo nas entregas, quando recebemos um agradecimento sincero das pessoas com mais idade”.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas

Fotografia: ATL da Galiza